Diagnóstico | "Dar nome às coisas"

Desde o princípio, antes mesmo da palavra, nosso corpo já falava. Um gesto podia ser um alerta. Um olhar, um abrigo. Um grito poderia representar a fronteira contra um perigo iminente. Mas hoje, enquanto arrancava a pele dos meus dedos até sangrar (uma mania antiga), descobri que essa dor tinha um nome: dermatotilexomania. E o que era apenas hábito obsessivo e dolorido, tornou-se coisa nomeada. E ao ganhar nome, ganhou também peso, contorno, presença. Foi aí que me perguntei: em que instante da história o ser humano decidiu batizar as coisas? Quando se deu conta de que nomear não apenas organizava a vida, mas também, de certa forma, a criava? Há quem diga que só existe aquilo que podemos nomear. O "nome" é como um sopro que arranca algo do invisível e o firma na terra. Sem ele, tudo é sombra, sem rosto ou distinção. A filosofia e a psicanálise sabem bem disso: nomear é separar sujeito de objeto, traçar fronteiras entre mim e o outro, sustentar a diferença que nos permite exis...