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A cocriação e a autorresponsabilidade

Ontem a sessão de análise foi diferente. Iniciei contando coisas boas, avanços íntimos e novidades empolgantes. Desembestei a falar por uns vinte minutos com uma energia e um vigor que normalmente eu não tenho (na verdade, não tenho tido). Ao fim, concluí que algumas dificuldades encontradas ao longo do percurso revelaram-se como um jeito torto de vencer. Meu analista me questionou o que seria o "torto" para mim e, depois de minha explicação, me devolveu um silêncio desconfortável. Após alguns segundos (ou minutos que pareceram horas), eu soltei: "É, hoje eu só tenho coisas boas para falar". Silêncio novamente. Até que ele começou: "Flávia, por que você acredita que esse espaço aqui é só para trazer coisas ruins? Se fosse em uma sessão presencial, só esses 20 minutos iniciais teriam sido o suficiente e eu teria te cortado e  dispensado em seguida". Fiquei sem entender.  O feedback que ele me deu na sequência sobre o meu processo de análise foi bem positivo

Aquele sobre idade e envelhecer

Essa questão de idade tem sido exatamente isso em minha vida: uma questão. Desde sempre. Apesar de bastante terapia e análise, acredito que ainda não tenha chegado a qualquer conclusão que me deixasse totalmente tranquila, satisfeita ou confortável com o tema. Perguntas relacionadas ao tempo que permanecemos na Terra e como lidamos com o processo de envelhecimento enquanto sociedade fazem parte do meu cotidiano. Quem sabe se também fossem pauta prioritária nas discussões mundiais, como a respeito do clima e da preservação ambiental, não existissem tantos tabus e preconceito. Talvez dessa forma passássemos por todas as fases com mais aproveitamento e segurança. Mas quem se importa com os mais velhos? Os jovens só querem curtir a vida, o belo, a conquista, as juntas ainda bem lubrificadas, a pele repleta de colágeno, o corpo todo durinho, as tatuagens firmes e ainda nítidas. O verão, as paixões, as primeiras vezes de cada uma das coisas. Nessa fase ninguém costuma ouvir muitos conselhos

Carta a mim

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"Desculpe, estou um pouco atrasado. Mas espero que ainda dê tempo de dizer que andei errado e eu entendo..." Estou com essa música na cabeça e... após algum tempo de terapia, aprendi a raciocinar sobre tudo, a subjetificar tudo. Eis que acredito estar um pouco atrasada em relação a alguma coisa em minha vida. Não sei exatamente a quê. Há muito que essa estranha sensação de que estou fazendo as coisas de forma errada me persegue. Antes, eu vivia tudo tão intensamente, mas me perdia em minha própria intensidade. Hoje, já mais calma e dona de mim, sinto a minha falta e, como diria Nando Reis, "a falta é a morte da esperança". P.S.: Acho que amanhã meu analista vai ter muito material para trabalhar...rs Aliás, revelei na última sessão de análise que sou uma apaixonada por cartas. Durante praticamente minha adolescência inteira eu as escrevia. Quase sempre, às minhas melhores amigas, mas outras pessoas que passaram pela minha vida também foram contempladas. Ex-namoradas,