A beleza (nada) contemporânea



Desde quando a globalização apontou como fenômeno mundial pós-Guerra Fria, o perfil da humanidade tem variado tanto quanto as cores de um enxoval infantil. Embalado pelo poder da publicidade, então! Afinal, quem ousaria negar a sedução (e o alto poder de comercialização) das coelhinhas-playboy? Ou quem nunca desejou a família do comercial de margarina? Pais lindos, filhos lindos um cãozinho – também lindo - de pêlo “flop-flop”. Mas, será o “estereótipo padrão” tão especial assim?!
 
Em determinadas épocas, o evolucionismo até serviu como desculpa. Como a ancestral preferência masculina por loiras, por exemplo (a explicação científica é a ligação que o cérebro humano faz entre juventude e cabelos claros: quanto mais nova, mais claros os cabelos). Mas, hoje, por que a etnia caucasiana ainda predomina no gosto popular?
 
Os Estados Unidos detêm há décadas a hegemonia financeira e sócio-política do globo. Eles bombardeiam o resto dos mortais com “flechas imaginárias” de valores e padrões estéticos. E como se vendem bem!
 
Não deveria existir distinção. Afinal, somos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes entre si. Como compararmo-nos? Ou, como diferenciarmo-nos? O belo vai – deveria ir - além da visão doutrinada pela mídia. Para mim, ele pode estar nos olhos graúdos e míopes da moça de cabelos crespos, no sorriso ofuscante do rapaz mulato, na pele marcada da mulher de quarenta, na seriedade sarcástica do homem de cinqüenta, na falha do couro cabeludo, nos fios de cabelo teimando em nascer brancos.
 
A beleza não é - deve ser - o conjunto. Às vezes ela é sutil, recalcada. Pode se apresentar em muitos tons e formas. Algumas meio disformes, protuberantes, exageradas. Mas ela está ali, inegavelmente. Tão verdade que ninguém jamais negaria o poder da mulher renascentista, há centenas de anos.
O belo nunca deveria se envolver com a cultura de massa. Ela não lhe dá o devido valor. Não quer saber de seus sentimentos, só enxerga a carcaça. Ela, uma oportunista. Ele, um tolo. Não deveria existir um padrão embalado pela Dior, Gucci, Dolce & Gabbana, Prada, Vivienne Westwood, Chanel, Calvin Klein e vendido pela Vogue. Somos miscelânea, farinha do mesmo saco - predominantemente azul (visto bem de longe. Porque de perto...).

Comentários

Paula Farias disse…
Olá! Vi vc no blog da Enola, também sou de Belém ;D
Estarei a te seguir ok?
Beijoss
Lis. disse…
Olá Flávia...

Parece-me que um dos grandes motivos que impulsionam a humanidade é sem dúvida alguma a liberdade que individualmente cada um tem.

Ser livre -parece-me sobretudo- ter a disposição de não se ter sina a ser cumprida, destino ou coisa parecida. Algo que acresce-nos sensação de onipotência divina.

Há mini-deus no fundo de cada ser querendo aparecer, tornando-se a significancia do mundo exterior e interior também.

No fim somos Deuses tupiniquins originários de alguma tribo distante do que poderia ser as aldeias do nosso planeta terra.

Quem sabe mais para Monkeys?


Saudações e paz Flávia Escarlate.


ps. Se for ver bem, a maior de todas as metamorfoses, é indubitavelmente a vida fluindo por si só, e desgovernada como um todo.
Ana Carvalho disse…
o virtuviano de Davinci. A mistura perfeita entre arte e ciência (razão).
amei esse blog!beijos

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