Eu.
Quem sou eu? Mais fácil seria perguntar quem somos nós. Acredito que "ambivalente" é um termo bem apropriado para encaixar-se no contexto de uma vida divergente, ambígua, inresumível em 1.
Sou a constante busca de conhecimento. Ler, aprender, descobrir. Alguém que gosta do ar da meninice, das deliciosas gargalhadas adolescentes, do descompromisso, do deslumbramento, da descoberta, de parque, de algodão doce, de férias, de pegadinhas e rodinhas de violão. Contudo, uma mulher. Com todos os sinais de maturidade apontando e as mudanças de comportamento e formação de análise crítica.
Consigo ser, ao mesmo tempo, a revolucionária frustrada por querer tanto mudar esse mundo de ideais capitalistas e a consumista assumida, doutrinada para gastar com supérfluos, cultuar a beleza física e dar valor às aparências.
Sou quem defende as teorias platônicas do inteligível acima do sensorial, mas entende bem o porquê de Aristóteles ter corrigido seu mestre com base no conhecimento empírico.
Em meu lado espiritual (bem forte) existe a sensação de que há, sim, uma verdade única acima de qualquer religião. Concomitantemente, um medo devastador de que tudo seja apenas criação do imaginário humano para nos sentirmos mais seguros.
Uma pedra de gelo, uma ridícula passional. Anarquista rendida, ecologista desesperançosa com as gerações futuras. Revolucionária meia-boca. Madura, com ataques de infantilidade. Estudante de jornalismo com potencial voltado para as artes. Uma fiel meio agnóstica, com tendências sincretistas.
Um pouco de cada coisa. Convivo diariamente com opostos de mim. Forças contrárias que de alguma forma se atraem, se completam.
Uma mulher meio menina. Às vezes tímida, volta e meia extrovertida até demais. Medrosa! Feliz. "Meio completa", porque "incompleta" dá a sensação de que falta algo. Na verdade falta, mas é exatamente essa lacuna jamais preenchida que nos estimula a buscar o novo e impulsiona a viver.
Metódica, ranheta, cheia de manias e distúrbios de humor. Sou o imperfeito mais próximo do perfeito que o imperfeito pode ser. E até gosto disso. Convivo bem com minhas teorias, ideologias, (des)crenças, medos, contradições e ambigüidades. Sou um processo ainda pela metade, os primeiros passos para um alguém que não conheço bem, mas já faço idéia de quem seja.
(26/06/2007)
Esse texto escrevi - como podem ver - há dois anos. Se mudei?! Bastante e quase nada. Contraditório? Dessa vez não, apenas relativo. O suficiente para validar dois comentários:
1 - "Flavinha, você amadureceu!" (Silvio).
2 - "Você permanece caindo nos mesmos erros de sempre!" (Eliana).
Eliana e eu nos conhecemos há quatro anos. Ela tem razão, alguns erros são os mesmos. Mas o aprendizado é sempre diferente e - inevitavelmente - deixa sementinhas que crescem e dão frutos. Ela sabe disso, pois acompanhou grandes processos e grandes progressos meus. Apenas cumpre seu papel de amiga, que enxerga e aponta defeitos quando acha que deve.
Silvio via potencial em mim, quando me conheceu há dois anos, na faculdade. Me disse isso um dia desses, em uma de nossas conversas filosóficas. Mas, segundo ele, era um potencial a ser explorado, um diamante bruto precisando ser lapidado. Foi emocionante quando, em meio a um contexto (que não me lembro bem qual), ele falou: "Flavinha, eu te admiro muito. Prestava atenção em ti antes de nos conhecermos. Até comentei com o Ailson. Te achava acho inteligente, esforçada, com um potencial do c... (piii!!!!), mas era só uma menina. Hoje olho pra ti e vejo uma mulher."
Bem... Talvez de um processo pela metade eu tenha passado para uns 55%...rs
Daqui a mais uns dois anos voltamos a esse assunto, tá? ;D
Comentários
Realizações mil à ti, e a todos.
Lis.