Foto de Miguel Chikaoka, Exposição Confluências JapanAmazônia, Belém Pará


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Retirado do livro "Fernando Pessoa, Poesia Completa de Alberto Caeiro"

Comentários

Lu Vieira disse…
Flávia, gostei da poesia e da foto. Você vive uma fase muito especial, pois está vendo e sentindo que o amor é lindo. Hummm, será que o seu amado está em Porto Alegre? Beijos, querida.
Flávia Lima disse…
Não, Lu. Mas está bem pertinho de lá. :) É, você tem razão. Estou vivendo uma fase ímpar. Beijinhos!
Anônimo disse…
"Amor é quando a gente mora um no outro." (Mário Quintana)

L.M.

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