Geração.net




Engraçado me pegar olhando o número de seguidores do meu blog (eles crescem devagar, mas com qualidade - ainda bem!), me empolgar com os novos 'followers' do twitter (esses sim, crescem vertiginosamente e isso me assusta e empolga ao mesmo tempo) e lembrar que há algum tempo eu esperava bastante pra conectar até ouvir aquele barulhinho esquisito e, quando finalmente conectava, eu corria pro mIRC.. pro ICQ.

Antigamente, bem antigamente, os poetas falavam das caixas de correio vazias, que representavam solidão. Hoje ninguém mais recebe cartas (bom, é óbvio que generalizei, né? Eu recebo cartas. Muito esporadicamente e por um caso bem específico, mas recebo) e nem mesmo e-mails são a forma mais comum de comunicação atualmente. 

Hoje se sente sozinho quem conecta no MSN e vê que todos estão offline. Quem não recebe um comentário no blog há séculos. Ou ainda, quem abre o Facebook (porque até o orkut que era febre já tá ultrapassado) e não tem ninguém que te curtiu, pra adicionar ou chamar pelo bate-papo. 

No twitter tudo é tão instantâneo que notícia divulgada de manhã é velha à noite. Sem falar na fugacidade: o que hoje é o boom do momento (#amywinehouse, #sandy, #gianechinni), amanhã é assunto morto. Ninguém mais twitta sobre a Amy... aquele fogo todo da versão ponto-de-quatro da Sandy também já está quaaase apagando. E a superficialidade? Como confiar num avatar pequeno, muitíssimas vezes falso (isso quando não é um ovo ou produto de photoshop), que passa o dia se comunicando com mensagens de no máximo 140 caracteres?

Nunca vamos saber se aquele cara que tem mil seguidores no blog, dez mil no twitter, recebe várias mentions e um bocado de comentários por dia, é uma pessoa realmente legal fora do mundo virtual. 

Começo a achar que muita gente se acha na internet porque lá fora não consegue popularidade. Salvo raras exceções, lógico, quem é que pode alimentar tantas redes virtuais diariamente e ainda manter uma vida social ativa (trabalho, cinema, amigos, família, namoro, faculdade)? Tá... eu sei que dá pra conciliar. Mas nesses casos você percebe quando o perfil não é tão atualizado ou a pessoa some por algumas horas da timeline... 

Bom, mas discussões à parte, que essa geração.net vá bem mais além de twittar que vai tomar banho e reflita sobre essas novas ferramentas, hoje reconhecidamente importantes pra sociedade. E se não fosse essa minha bolha vermelha aqui - eu e meu mundo virtual - eu não teria parido uma outra parte de mim, "meu eu online".



Comentários

Claudiana disse…
Essas pessoas são aquelas que quando morrerem irão gravar em suas lápides: "ENFIM...OFF LINE". Beijos letrados, querida amiga!
L.S. Alves disse…
Esse mundo virtual como tudo tem suas vantagens e edesvantagens. Ao mesmo tempo que te apresenta pessoas interessantes do outro lado do mundo ou mesmo do país também ajuda a pessoa a se isolar cada vez mais em casa.
Particularmente eu prefiro e sempre que posso tento trazer as pessoas do mundo virtual para o real.
Um abraço moça.
Dom Rafa disse…
Só tenho uma coisa a dizer... Nunca pensei que a evolução se tornaria tão bizarra.

Tenho muitos amigos (?) com quem hoje a interação se resume a um @ e 140 letras.

Beijos!
Aires disse…
Oi. Faz tempo que não venho ver tua cor. E hoje me deparei com um texto que realmente diz muito sobre mim [também], então a algum tempo, tenho começado com um projeto de usar "coisas" não digitais, como a minha máquina fotográfica de película e a minha mais nova aquisição, a minha máquina de escrever, a qual já estrei mandando uma carta para minha amiga que mora hoje em SP.

Não cheguei a usar o Mirc e nem o ICQ, porque nessa época eu não tinha um pc, mas já tinha uma paixão avassaladora por essa nova forma de comunicar.

Meu primeiro contato na rede foi em 2001 [tarde eu sei], mas já entrei com os dois pés, fiz e-mail's [sim, nunca tive só um e-mail por vez], uma conta no ParPerfeito [a qual é, quem nunca fez um perfil em um site de relacionamentos amorosos que me dê o primeiro unfollow] foi lá que eu conheci o melhor namorado que já tive, pena ser nova de mais, pra querer casar.
E hoje não sei viver sem estar na rede, tenho perfil em todas as redes sociais possíveis...rs
Só ainda não sou muito adepta ao Twitter.
Beijos.
Sara disse…
Flá vc é uma pessoa maravilhosa, e graças a net pude ter o prazer de ler, "ouvir" e a ti dirigir palavras.
Até mesmo com o tal bloqueio criativo vc conseguiu recriar. Sou sua fã.
Beijos
Rei do Gado disse…
Oiiieeeeeeeeee ;D
Quanto tempo não passo por aqui,adorei esse post e fico pensando eu nunca recebi uma carta ;( e eu realmente passo mais tempo on do que vivendo lá fora,e realmente fico me perguntando se todas pessoas que se parecem tão comunicativas e carismáticas e mais um monte de coisas são assim na vida foram de uma dela de computador.
Beeeeeeeeeeeeeeeijos
da Piá *-*
Milene R. F. S. disse…
Sou a única pessoa que conheço que não tem orkut, nem facebook e nem twitter... na realidade nem sei muito bem como funciona tudo isso, só de ouvir falar por cima... tenho apenas um blog que relutei muito para criar e que só veio a tona no começo desse ano. O motivo? Acho que não daria conta de tanta coisa ao mesmo tempo e da minha vida aqui fora, fora da net... aliás sempre me perguntei como esse pessoal que tem tudo isso junto de uma vez só, rs, consegue sem ficar maluco!rs.Que a net ( que acho válida e preciosa, principalmente como instrumento de de comunicação, de expressão e como forma de buscar e encontrar conhecimento etc. ) continue a cumprir um papel do bem, mas que a vida real nem por isso se perca no meio dela também... um beijo para vc e bom domingo, até.

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