O meu bloco do eu sozinho
"... pareço forte, mas no fundo sou fraca
fera, porém sou bela
às vezes chata, mas no meu íntimo
há sentimentos diversos
Pareço metida, porém se olhares em meu semblante,
com seu coração,
verás apenas humildade.
Calma sempre.
Posso até parecer solitária...
É que realmente tenho poucos amigos."
(Clarice Lispector)
Li esse texto no (Re)canto da Fênix e me identifiquei. Nem me espanto mais. É Clarice. O curioso é a coincidência. Poucos minutos antes de abrir o blog, vinha pensando em minha realidade social. Passo o dia na TV, onde tenho excelente rede de relacionamento (profissional). Falo com todo mundo, todos gostam de mim. Mas sou na minha. Estou sempre acompanhada, mas não faço parte de nenhum grupo (partidário, de amigos, das mamães, dos que se reúnem fora do ambiente de trabalho). É como sou no restante da minha vida: sempre rodeada de pessoas e, ao mesmo tempo, sempre só.
Sempre que falo com a Elga, ela sempre está com o grupinho dela. Eles fazem tudo juntos. Vão ao cinema, ao bar, à sorveteria, ao hospital, a casa uns dos outros, etc. A Fênix também vive acompanhada em suas ligações misteriosas, amigos fora da faculdade, na faculdade (uma das amigas dela também é minha amiga, mas vive mais com ela do que comigo), etc. Aliás, isso é algo que me acontece com frequência: conheço você. Nos tornamos amigos. Aí te apresento para um(a) amigo(a) e, de repente, vocês são mais amigos entre si do que meus amigos.
Meu próprio pai tem mais amigos do que eu! Amigos de muitos anos atrás que ele sempre visita e amigos mais recentes (alguns que deixou de lado, outros com os quais está conseguindo manter o vínculo). Meu pai só fica sozinho quando ele quer. Na verdade... eu também. Isso é fato. Se quisesse, faria parte de num grupo. Andaria em bando. Mas me isolo. Sou do tipo que anda mais próximo do cônjuge (quando tenho um) do que de qualquer outra pessoa. É como se eu casasse sempre que namoro. Não preciso ligar pra Talita (minha melhor amiga, uma das poucas que me restaram), por exemplo, e contar meu dia. Faço isso com quem estou namorando. É meu jeito e não tem jeito.
Não tenho paciência pras pessoas. Ou, as pessoas não tem paciência pra mim. São muitas as minhas restrições. Se não quero beber, não quero que insista. Não gosto daquele amigo que te faz sentir um imbecil por não estar bebendo com a galera e fica insistindo. Se quero sair, saio. Se não quero, não insista. Quanto mais me convidar para algo que não quero fazer, menos vou querer fazê-lo. Odeio gente que liga às onze da noite, quando já estou de pijamas, e convida pra balada.
Já estive numa fase em que levantava na mesma hora, trocava de roupa e ia. Não pensava duas vezes. Mas minhas condições físicas não me permitem mais. Trabalho de dia e faculdade à noite. Às vezes trabalho no final de semana. Não consigo "ferir" meu próprio corpo. Pra mim é bastante água, comida saudável e 8 horas de sono. Sou branca, pele flácida. Se não cuidar, cedo envelheço. E quero ser uma coroa conservada. Depois, amigo nenhum vai me pagar uma plástica. Ainda vão comentar: "Nossa, como a Flávia está caída!".
Às vezes assisto séries como Sex and The City e acho um barato aquele grupinho de amigas sempre juntas, se fazendo companhia em tudo. Aliás, mesmo exaltando ao máximo o consumismo, adoro essa série (que tenho completa - ou melhor, quase, falta um DVD ¬¬). As protagonistas passam a maior parte do tempo se encontrando para comer, mas é muito boa. Trocadilhos e pequenos detalhes inteligentes, piadas cotidianas (as melhores), conflitos vividos por todas nós. Enfim, apesar de querer - algumas vezes - ser Carrie Bradshaw com suas inseparáveis escudeiras Samantha, Miranda e Charlotte, não creio que conseguiria (devido as minhas restrições).
O interessante é que atraio bastante gente. Conheço muita gente e muitos se aproximam. Aí, depois de mostrar a isca no anzol, eu puxo e corto a linha. Apresento minhas barreiras intransponíveis e ultrapassa só quem eu permito ou quem se arrisca demais. E quem se arriscaria demais? Alguém que estivesse interessado em mim. Eis o porquê de ter em meus relacionamentos grandes amizades.
Não sei, definitivamente viver em bando. Tenho, como revelou Clarice no texto, poucos amigos. Contados no dedo. Apesar de viver acompanhada (pois ando rodeada de pessoas), vivo só. Porque ninguém cruza minha divisa. A não ser que eu permita.
Comentários
PS> tenho o teclado desconfigurado, mas de vez em quando e bom ver tudo meio fora do lugar.
As vezes, e na maioria das vezes, penso nos diversos assuntos de forma muito universalizada.
Talvez seja a convivência que tive com diversas pessoas que atuam na área da psicologia.
Definitivamente não há como sair censura alguma da minha parte já que sou dado à liberdade de pensamento.
E depois, eu sou muito parecido com seu jeito de ser. Sempre tenho um sorriso estampado no rosto, mas gosto da minha solitude.
Ser feliz, já é algo muito pessoal e não há como medir o que este ou aquele sente...
O seu jeito está exposto aqui neste seu espaço, e te digo que no fundo sempre senti que os blogues são diários pessoais de cada um.
Não é a primeira vez que te faço elogios, e portanto de forma alguma e em momento algum duvidei que há filas de pretendentes aos seus pés.
Talvez o que possamos ser diferentes, é que eu sou um sujeito muuuito brincalhão, e muito piadista também, a ponto de -as vezes- esborralhar-me de rir de mim mesmo, com alguma coisa que fiz ou disse.
E nesse quesito felicidade, volto a repetir que não existe receita alguma pronta para ser usada, e que tudo depende apenas de particulariedades...
Mas, se neste universo todo pudesse citar só três ingredientes básicos e necessários para consegui-la, citaria:
1. Saúde.
2. Inteligência.
3. E folga no bolso.
E no fim,
palavras são palavras,
and nothing more.
E tudo é propaganda do que somos capazes de criar, de falar, de fazer, de perceber, de notar, até de acreditar que o imossível seja apenas tudo aquilo que não queremos.
Beijos.
Eu prometo não ser preguiçoso contigo. Afinal, querer e entender são coisas muito diferentes umas das outras. Se eu entendo-te posso querer-te, mas querendo somente nunca chegarei a entender-te.
A vida não termina em ponto final. Seguirá sempre seu rumo depois da virgula, que separa uma questão da outra, que ainda estão por vir.
Se as pessoas falam sobre questões de assuntos externos jamais verão seu conteúdo que no fundo é quem você é, e amada por amada você só será por quem chegou na essência da sua alma e a tem cativa.
Intenções nós temos, e as minhas ainda não sei exatamente quais são. Entretanto não sou exatamente um peixe para ver a isca na minha frente sem querer analisá-la. E a isca não deixa de ser um tanto do que é você.
Acredito por indicios que você não tolera as injustiças, tens o seu jeito de analizar as coisas da forma como seu raciocinío lhe permite...
Amar é diferente de gostar,
não é estar dentro...
Sem entrar.
Que energia poderia existir sem a energia da paixão? Então, você teria que ser primeiramente desejada...
Amor de Eros tem a história da quimica, representa um pretexto para estarem juntos, mas nao é o que segura relação alguma.
Amada você não quer ser pelo corpo que só desperta desejos, e a sua alma vai bem fundo em seus diversos pensamentos...
Onde estão as respostas?
Onde estão as respostas?
Aqui nós podemos ter -se quiser- um canto terapeutico. Prometo não lhe cobrar nunca nada... Mas cuidado, posto que o nada é o contrário de TUDO.
Estou aqui, se quiser parar páre, se quiser ficar fique, se quiser continuar não é necessário responder.
Apenas escreva...
amigos estão na qualidade e não na quantidade, pode ser um, que vale por mil!!!
não tenho blog..rs.. ja pensei, mais desisti!!!!
mais é verdade, não estamos sozinhas... cada um tem um jeito, e vemos diversidade a cada dia, Graça a Deus, porque seria muito chato todo mundo igual..rs...
Eu se fosse você tentava criar um blog. É um exercício muito bom, uma verdadeira terapia (como disse o Lis). E é isso mesmo: viva a diversidade!!!!
Agradeço sua visita ao Le Poete en Fleur!
Indentifiquei minha fase atual com seu texto. Muito bom!
Em meio à multidão de colegas,amigos são ecassos,porém verdadeiros.
É preciso saber valorizá-los!
Abraço!