Dona Neide e o sonho de ser jornalista
Essa aí é Neide Batista. Ela tem 50 e alguns anos e um grande sonho: ser jornalista. A conheci há quase 4, quando entrei na Faculdade de Jornalismo. Ela gravava, há 20, livros falados para deficientes visuais no Instituto Álvares de Azevedo (mais conhecido como "escola de cegos"). Foi da minha turma durante um ano, até as coisas apertarem financeiramente e ela precisar abandonar o curso.
Dona de uma voz grave, dicção impecável e piadas um tanto ácidas, Dona Neide (como carinhosamente a apelidei) é uma figura diferente de tudo que já conheci. Sinceridade é sua marca registrada. É do tipo "ame ou odeie" e, justamente por isso, me conquistou.
Sentar num bar com Neide Batista é como abrir um livro de 500 páginas, uma biografia que qualquer terráqueo adoraria ler. A história de vida dessa mulher já começa diferente, com a mãe que quase a mata (sem querer, óbvio), as cervejas que ela tomava escondida atrás da porta quando criança, e prossegue tão absurda quanto.
Ela conta com entusiasmo como foi viajar para o sudeste do Brasil de carona e me recomenda: "Não faça isso hoje. Se eu já fui louca naquela época, hoje seria praticamente um suicídio". Também diz, orgulhosa, que trabalhou durante 10 anos numa empresa e, ao sair, pegou todo o dinheiro que lhe era de direito e gastou tudo num só mês, numa viagem que fez a São Paulo,. Frequentou os melhores lugares, bebeu os mais caros vinhos e andou pra cima e pra baixo de táxi. Não se importou nem um pouco em saber que, quando a grana acabasse, ela voltaria a Belém do Pará e à vida simples de antes. "Eu não vou levar nada para o caixão. O que a gente leva da vida é isso aqui, bons momentos.", me disse, numa mesa de bar.
Mas uma de minhas histórias favoritas é uma das menos loucas: o primeiro show que ela assistiu da Maria Bethânia, de quem é fã incondicional. Ela viajou ao Rio de Janeiro com Lauro (outra figura interessantíssima, melhor amigo dela há muitos anos, o qual conheceu num fã clube da Bethânia) e os dois, ao final do show, foram beber na praia de Copacabana. A felicidade e a adrenalina eram tamanhas que Neide tirou a roupa e saiu correndo completamente nua pela areia, gritando: "Eu já posso morrer! Assisti a um show da Maria Bethânia!"
Ela conta com entusiasmo como foi viajar para o sudeste do Brasil de carona e me recomenda: "Não faça isso hoje. Se eu já fui louca naquela época, hoje seria praticamente um suicídio". Também diz, orgulhosa, que trabalhou durante 10 anos numa empresa e, ao sair, pegou todo o dinheiro que lhe era de direito e gastou tudo num só mês, numa viagem que fez a São Paulo,. Frequentou os melhores lugares, bebeu os mais caros vinhos e andou pra cima e pra baixo de táxi. Não se importou nem um pouco em saber que, quando a grana acabasse, ela voltaria a Belém do Pará e à vida simples de antes. "Eu não vou levar nada para o caixão. O que a gente leva da vida é isso aqui, bons momentos.", me disse, numa mesa de bar.
Mas uma de minhas histórias favoritas é uma das menos loucas: o primeiro show que ela assistiu da Maria Bethânia, de quem é fã incondicional. Ela viajou ao Rio de Janeiro com Lauro (outra figura interessantíssima, melhor amigo dela há muitos anos, o qual conheceu num fã clube da Bethânia) e os dois, ao final do show, foram beber na praia de Copacabana. A felicidade e a adrenalina eram tamanhas que Neide tirou a roupa e saiu correndo completamente nua pela areia, gritando: "Eu já posso morrer! Assisti a um show da Maria Bethânia!"
Conversar com Dona Neide é risada garantida. Mas ela sabe a hora certa de parar a brincadeira. Amizade, caráter e fidelidade são assuntos muito sérios para ela, que se for amiga, atende um telefonema às 03:40h da manhã só pra te ouvir chorar, passa noites em claro no hospital contigo e divide o único bife do jantar com algum pobre coitado que bate à porta faminto, pedindo comida.
Ela ainda não teve condições de terminar a faculdade de jornalismo, mas foi chamada recentemente para gravar este vídeo, sem promessa de contratação ou coisa parecida, pela "webmissora" independente INTV. Realizou um sonho, o de reportar na televisão (seu meio de comunicação favorito). Mas ainda é pouco, diante do que ela deseja e merece.
Publico hoje, aqui no Escarlate, a reportagem que ela fez. É o mínimo que eu poderia fazer por ela, além de respeitá-la e desejar-lhe sempre o melhor que essa vida pode lhe proporcionar.
Comentários
Beijos, Flávia!!
;)
Esse é o blog dela. Ela é bem leve com os textos dela, e retrata experiências vividas por ela e a grande (grande mesmo) família.
http://blogterapiadavera.blogspot.com/
Bjs.
Rosangela de Nazaré
Grande Abraço
Ulysses Ramos