A mesmice cansa...


Fico muito triste quando percebo que algumas pessoas não mudam o disco. Ta certo que alguns álbuns são bons, algumas músicas eternos sucessos, mas nada disso justifica a falta de criatividade para se reinventar, se reciclar. Entra ano e sai ano e o pessoal da casa ao lado continua ouvindo brega, o vizinho do outro lado da rua ainda põe baladas de Adão e Eva no paraíso (é, porque ainda teve a época que eles “se mudaram” pra terra e passaram a curtir um heavy metal).
Alguns amigos continuam indo todo final de semana para o mesmo barzinho, escutar as mesmas músicas e ver aquelas figuras manjadas que ora ou outra aparecem acompanhadas e tempos depois vemos novamente sozinhas – com a plaquinha pendurada no pescoço: “procura-se”. Outros dizem não ter opção além de cinema e televisão e, por já terem decretado a sentença, para eles só resta cinema e televisão.
O namorado da amiga reclama de grana desde que o conheci. Nunca tem dinheiro pra sair, mas vive postando fotos dele no orkut, nos lugares mais variados e sempre com uma latinha de cerveja na mão. Ela reclama, eles brigam, ela chora, eles terminam, ela chora, ele corre atrás e eles voltam. Duas semanas depois ela volta a reclamar, eles brigam, ela chora, eles terminam, ela chora... e assim sucessivamente.
Os familiares continua se reunindo só em datas comemorativas, quando todos se sentem na obrigação de ir: “Porque a Maria Antônia foi no aniversário de 15 anos do Juquinha e fica chato não ir no dela” ou porque “é dia de passar com a família. Lá eles ainda falam mal uns dos outros pelas costas, outros se ofendem mas na hora de cumprimentar o que prevalece é o sorriso educado e amarelo. “Não vale a pena criar inimizade à toa”.
A classe trabalhadora permanece fazendo greve perto da época de data-base, as empresas dizendo que não têm condições de dar reajuste real, os governantes apostando que o ano posterior será melhor, os economistas calculando números de contas exorbitantes que o povo não sabe nunca por onde passa, de quem veio e para quem vai.
Os anos passam e as pessoas ainda reclamam do Brasil, mas nada fazem para mudar o cenário degradante de corrupção e negligência com a qualidade de vida oferecia à maioria. A vida passa e todos só assistem, como meros espectadores à espera de um final feliz que nunca chega. Porque os próprios protagonistas da novela ainda não se deram conta de que também são roteiristas e diretores.
Parece que gostamos de viver assim, reclamando das mesmas coisas, buscando as mesmas coisas, vendo o mundo com os mesmos olhos e repelindo o que é diferente por medo do desconhecido. Se é para arriscar e ter algo pior, é preferível ficar na mesmice. Ela não incomoda, apenas cansa. Cansa na segunda-feira de manhã, cansa ver o contra-cheque no final do mês, cansa andar apavorado pelas ruas e saber que se o Estado não oferece segurança, mesmo assim temos que continuar cansando – porque ele também não vai pagar as nossas contas.
Espero que um dia os amigos conheçam outras formas de diversão que não sejam o mesmo bar, o namorado da amiga tome vergonha na cara, os familiares se reúnam não somente em datas comemorativas e parem de fofoca, que a classe trabalhadora leia Karl Max, se dê conta da força que tem em mãos e articule estratégias mais inteligentes para obter mais benefícios, que o brasileiro não espere mais o carnaval e a Copa do Mundo para agir e que eu deixe de só escrever e também faça alguma coisa para tentar mudar essa pouca vergonha.

Comentários

CELLYL disse…
Se cansa , mas o episódio da namorada, este foi ótimo, é uma nova tribo que surge, os homens que amam a redonda e dizem sempre duros, isso é sintomático sabia? O medo de ficar sem a redonda é maior do que ficar sem a namorada, uma outra nova tribo de pagantes de motel pra bebuns, pode perguntar a ela se nunca fez isso, hehehe, pois, estou como tu, aguardando as mudanças, quem sabe a gente encontre as vacinas pra tanta doença, beijinhos e gostei muito da postagem! Parabéns!
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