O hábito secreto
Rubinho adentrou a pequena porta com certa naturalidade, como se assim o fizesse sempre. Percorreu o pequeno corredor de paredes úmidas, emboloradas, com rachaduras e rastros do que um dia havia sido uma pintura - e, ao final dele, avistou outro homem, que subitamente o olhara de relance. "Ufa! Não era nenhum conhecido!", pensou, soltando uma respiração forte, de alívio. Foi se aproximando aos poucos, sentindo um misto de timidez e curiosidade, perguntando-se qual falaria mais alto. Não fazia aquilo desde os tempos da escola que, aliás, não lhe serviu para muito além de concluir o ginásio e conhecer a primeira namorada (com quem casou-se e teve cinco filhos - três moleques fortes e duas belas e prendadas meninas). Mas nunca esqueceu da sensação, que guardara apenas para si. Afinal, se a rapaziada do clube ao menos imaginasse uma coisa dessas, ele jamais voltaria a ter paz. "Maricas" seria um elogio perto do que lhe chamariam. O outro continuou o que estava fazendo, ...