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Mostrando postagens de agosto, 2025

A arte salva

Quantas vezes a arte já te salvou? A mim, incontáveis. Ela me salva desde a infância, na verdade. Como quando era pequena e não tinha amigos, mas tinha uma TV onde assistia Chaves e Chapolin todas as tardes com a minha avó, ao chegar do colégio. Nessa época, também desenhava e escrevia. Aliás, por que será que deixamos pra trás esses hábitos de desenhar, colorir, colar, criar? Pensando bem, a sociedade não incentiva isso nos adultos porque seríamos menos produtivos para a grande roda do capitalismo. A arte me salvou aos 15, quando me descobri lésbica. Eu então passei a escutar bem alto, no meu quarto (bem estilo adolescente de filme americano, sabe?), algumas músicas que mais adiante eu entenderia como hinos da comunidade. Artistas que, assim como eu, em algum momento também precisaram escoar toda a dor do preconceito, da incompreensão, da ausência de representatividade ou mesmo da intensidade ou da confusão característica dessa fase da adolescência. Se fechar meus olhos, consigo me ve...

A colega misteriosa

Duas jovens, em meio ao burburinho das colegas que brigavam e falavam mal umas das outras na faculdade, não compreendiam uma certa moça. Ela não era alegre demais, nem triste demais. Cumpria seus deveres, chegava sempre na hora, tratava a todos com respeito e nunca se envolvia em confusões. Mas a tranquilidade dela incomodava. “Perfeitinha demais”, diziam. “Deve esconder um grande defeito. Talvez seja até uma psicopata.” Decidiram então investigar sua vida. Seguiram-na após a aula, bisbilhotaram suas conversas, observaram suas redes sociais. Até mesmo foram à sua casa, sob o pretexto de copiar um trabalho. Passadas algumas semanas, um amigo em comum quis saber: — E então? Descobriram os podres dela? As duas se entreolharam. Uma baixou a cabeça, envergonhada. A outra tentou falar, pensou em inventar uma mentira, mas suspirou e respondeu: — Pior do que isso... Descobrimos que ela é muito gente boa.