Alma caótica
A sala era pequena, porém bastante acolhedora. Tinha um sofá gigante, preto, com muitas almofadas coloridas. Havia também um puff triangular bege e um divã vermelho. Só esses móveis já ocupavam quase todo o ambiente. Pelo menos a parte transitável. Pois haviam livros, muitos livros em prateleiras. Marcela observou que nem todos eram sobre Psicanálise. A analista lia literatura nacional e internacional. Tinha cordel, ensaios contemporâneos, mitologia, até poemas. Durante uns cinco minutos Marcela permaneceu em silêncio, captando a energia do lugar. Certamente não voltaria caso sentisse algo ruim ali. Aliás, aprendera isso com seu marido, Carlos, que era muito espiritualizado. Ele não costumava nem receber pessoas em sua casa, pois sabe-se lá com que energia poderiam entrar, não é mesmo? De raiva, de inveja, de sexualidade em desequilíbrio. Era melhor evitar. - Podemos começar? - Perguntou Marcela, já um pouco desconfortável com o silêncio. - Acha que ainda não começamos? - p...