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A epifania e meu processo de "recordar, repetir e elaborar"

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É interessante (eu diria até surpreendente) como funciona um processo de análise. Repare bem: eu disse "um processo" e não "o processo" pois, naturalmente, só me cabe o lugar de fala do ponto de vista da minha vivência. E do lado de cá, tá cada dia mais assustador. De um jeito bom. Eu acho. Primeiro que, de uns tempos pra cá, meus sonhos tem sido mais fáceis de interpretar - ou sou eu que tenho conseguido extrair mais informações do meu inconsciente através deles. Memórias da minha infância e adolescência  tem sido destravadas, aos poucos, como um ouvido que, após um forte resfriado, de repente "desentope" nos permitindo voltar a ouvir normalmente. Sendo que antes nem tínhamos percebido qualquer prejuízo na audição. Outra descoberta bem significativa que tive foi a profunda mágoa em relação ao meu pai, coisa que jamais passara pela minha cabeça ao longo destes 39 anos. Enfim, sem aprofundamentos nesse sentido. Pois quero mesmo falar sobre uma epifania que

A morte de Senor Abravanel, minha avó Olívia e o reviver de um luto

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17 de Agosto de 2024. O dia em que, numa linda e ensolarada manhã de sol, a notícia do falecimento de Silvio Santos (que dispensa apresentações), me alcançou como uma flecha, direto no peito. Assim, do jeito que costuma chegar esse tipo de notícia, de forma rápida, profunda e precisa. A dor só chegou alguns minutos depois. E jorrou feito sangue. E continua jorrando - o que me motivou a escrever. Minha pretensão não é exatamente prestar uma homenagem, apesar de me considerar incapaz de escapar desse tom. Afinal, quem pode negar a influência dele na comunicação brasileira? Ou afirmar que nunca ficou preso assistindo algum quadro dele? As pegadinhas, os programas de auditório... o próprio Chaves e o Chapolin, que passaram repetidamente durante décadas, acompanhando o crescimento de diversas gerações.  Eu lembro que chegava da escola (estudava no turno da manhã) com a minha avó, que ia me buscar todos os dias, ligava logo a TV enquanto ela ia esquentar o almoço. Sabia que em algum momento

A cocriação e a autorresponsabilidade

Ontem a sessão de análise foi diferente. Iniciei contando coisas boas, avanços íntimos e novidades empolgantes. Desembestei a falar por uns vinte minutos com uma energia e um vigor que normalmente eu não tenho (na verdade, não tenho tido). Ao fim, concluí que algumas dificuldades encontradas ao longo do percurso revelaram-se como um jeito torto de vencer. Meu analista me questionou o que seria o "torto" para mim e, depois de minha explicação, me devolveu um silêncio desconfortável. Após alguns segundos (ou minutos que pareceram horas), eu soltei: "É, hoje eu só tenho coisas boas para falar". Silêncio novamente. Até que ele começou: "Flávia, por que você acredita que esse espaço aqui é só para trazer coisas ruins? Se fosse em uma sessão presencial, só esses 20 minutos iniciais teriam sido o suficiente e eu teria te cortado e  dispensado em seguida". Fiquei sem entender.  O feedback que ele me deu na sequência sobre o meu processo de análise foi bem positivo

Aquele sobre idade e envelhecer

Essa questão de idade tem sido exatamente isso em minha vida: uma questão. Desde sempre. Apesar de bastante terapia e análise, acredito que ainda não tenha chegado a qualquer conclusão que me deixasse totalmente tranquila, satisfeita ou confortável com o tema. Perguntas relacionadas ao tempo que permanecemos na Terra e como lidamos com o processo de envelhecimento enquanto sociedade fazem parte do meu cotidiano. Quem sabe se também fossem pauta prioritária nas discussões mundiais, como a respeito do clima e da preservação ambiental, não existissem tantos tabus e preconceito. Talvez dessa forma passássemos por todas as fases com mais aproveitamento e segurança. Mas quem se importa com os mais velhos? Os jovens só querem curtir a vida, o belo, a conquista, as juntas ainda bem lubrificadas, a pele repleta de colágeno, o corpo todo durinho, as tatuagens firmes e ainda nítidas. O verão, as paixões, as primeiras vezes de cada uma das coisas. Nessa fase ninguém costuma ouvir muitos conselhos

Carta a mim

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"Desculpe, estou um pouco atrasado. Mas espero que ainda dê tempo de dizer que andei errado e eu entendo..." Estou com essa música na cabeça e... após algum tempo de terapia, aprendi a raciocinar sobre tudo, a subjetificar tudo. Eis que acredito estar um pouco atrasada em relação a alguma coisa em minha vida. Não sei exatamente a quê. Há muito que essa estranha sensação de que estou fazendo as coisas de forma errada me persegue. Antes, eu vivia tudo tão intensamente, mas me perdia em minha própria intensidade. Hoje, já mais calma e dona de mim, sinto a minha falta e, como diria Nando Reis, "a falta é a morte da esperança". P.S.: Acho que amanhã meu analista vai ter muito material para trabalhar...rs Aliás, revelei na última sessão de análise que sou uma apaixonada por cartas. Durante praticamente minha adolescência inteira eu as escrevia. Quase sempre, às minhas melhores amigas, mas outras pessoas que passaram pela minha vida também foram contempladas. Ex-namoradas,

About time ⏳

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  `✵•.¸,✵°✵.。.✰ 𝕆 𝕢𝕦𝕖 𝕗𝕠𝕚 𝕖𝕤𝕔𝕠𝕟𝕕𝕚𝕕𝕠  É 𝕠 𝕢𝕦𝕖 𝕤𝕖 𝕖𝕤𝕔𝕠𝕟𝕕𝕖𝕦  𝔼 𝕠 𝕢𝕦𝕖 𝕗𝕠𝕚 𝕡𝕣𝕠𝕞𝕖𝕥𝕚𝕕𝕠  ℕ𝕚𝕟𝕘𝕦é𝕞 𝕡𝕣𝕠𝕞𝕖𝕥𝕖𝕦  ℕ𝕖𝕞 𝕗𝕠𝕚 𝕥𝕖𝕞𝕡𝕠 𝕡𝕖𝕣𝕕𝕚𝕕𝕠  𝕊𝕠𝕞𝕠𝕤 𝕥ã𝕠 𝕛𝕠𝕧𝕖𝕟𝕤 ✰.。.✵°✵,¸.•✵´

Tentativa de desenferrujar o Escarlate - Parte II

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Há cerca de 3 anos deixei de fazer algo que fiz a vida inteira, desde criança: escrever. Não escrever no sentido literal, pois se levar em conta pautas, roteiros, abertura, e outras funções referentes à minha carreira, sempre estive bem ativa. Mas escrever por escrever, apenas. Tentar extrair algum sentimento, ainda que sem lógica do emaranhado de pensamentos que permeiam minha mente noite e dia. Às vezes até em sonho.  Palavras sempre me encantaram. Não as leio, as saboreio. Gosto tanto delas que curto desde frases de outdoor, até  placas de carros, com as quais brinco de tentar formar sílabas ou criar frases com as iniciais.  No dia que conheci a @nandafurini (meu amor ♡), tinha acabado de tirar a poeira do Escarlate. Mas lá se foi metade de um ano novamente. Ela tem me inspiado bastante desde então. Mas hoje não é por ela ou pra ela que escrevo. É por mim e pela vontade que tô de quebrar o mais longo bloqueio criativo da minha vida. Vamos desenferrujar essa criatividade