EscreVER | Traduzir sentimentos



Hoje eu caminhava por uma avenida lotada,

ouvindo uma música suave nos fones.

Chovia poeticamente.

E isso me fez voar dali para qualquer outro lugar

onde eu pudesse realmente sentir.


Quando parei para atravessar a rua,

a música me tocou de um jeito diferente

e eu me arrepiei.

Alguma coisa molhou minha perna direita

e, por um segundo, eu pensei:

é isso que é estar viva?

Isso é... vida.


Pessoas andando como zumbis.

Robôs do sistema.

Existindo sem sentir.

Sentindo sem perceber.


Enquanto algumas, como eu,

sentem tudo.

Por todo mundo.

Por tudo.


Às vezes parece que o mundo poderia nos rasgar por dentro.

(E às vezes ele realmente rasga.)


E acho que gente como nós

acaba virando um tipo de catalisador de emoções,

"tradutor de sentimentos"

A sociedade costuma nos chamar de escritores


O pior tipo de gente

aquele que não consegue ver de forma simples

como a maioria vê 

Porque nada é "só o que é".

Um rio nunca é só um rio

Uma árvore nunca é só uma árvore.

Nós vemos além.


E talvez a nossa responsabilidade

seja passar isso adiante

deixar que outros sintam como nós sentimos,

através das palavras, das percepções,

das coisas que traduzimos sem perceber.


Talvez alguém aí fora também sinta assim,

mas nunca soube colocar em palavras.


É bonito e triste ao mesmo tempo.

Uma bênção e uma maldição.

Um presente do universo

e, ao mesmo tempo,

uma chance de oferecê-lo ao mundo.


Hoje eu percebi isso.

E tudo o que posso fazer é continuar escrevendo.

Continuar sentindo.

E deixar minhas palavras voarem,

para onde quer que cheguem,

para quem quer que encontrem.


Enquanto eu viver.




Este texto foi escrito hoje, 02/12/2025, originalmente num papel de carta, em inglês (não saberia dizer o porquê - talvez devido à sensação de universalidade de sentimentos e - agora percebo - à proposta do mesmo...).


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