Cada um de nós tem um mundo diferente. É como um código genético ou uma impressão digital: Insubstituível. Apesar de compartilharmos sensações e vivências, temos nosso próprio conjunto de células e sinapses. Ninguém jamais saberá como é estar em nossa própria pele. A união de tudo, de todas as percepções, se dá para cada ser de forma única. É daí que vem o prazer em fazer novos amigos. Conhecer alguém é como fazer ou receber uma visita . Alguns tiram o sapato antes de entrar, outros simplesmente vão invadindo. Alguns parecem médicos. Outros, demoram uma vida inteira. Em alguns casos a conversa tá boa, a companhia agradável, mas por um motivo qualquer, é hora de ir embora . A paixão traz consigo lógica semelhante: Primeiro rola profundo interesse em conhecer aquele ponto turístico, cultura, clima. Você arruma as malas e se manda pra lá. Depois vem a fase da descoberta . Tudo é tão gostoso que nos faz querer viver ali por tempo indeterminado. Até que - num dia qualquer - enquan...
Disse que não acreditava em almas gêmeas para ela. Mas depois de um certo tempo, começou a duvidar de suas próprias convicções. Talvez existisse isso mesmo, essa sorte de encontrar pessoas certas. Nunca confessara a ninguém, mas começou a acreditar em destino, tinha vergonha da gozação que fariam seus amigos. Mas sabia que ninguém que cruzasse seu caminho estava ali por mero acaso. Mas sim, para ensinar alguma coisa, para nos transformar, ou fazer com que ajustemos falhas, erros, ou simplesmente paremos para pensar. Sozinho, fumando o seu cigarro, mexia com o dedo indicador o copo de vinho que sempre o acompanhava em algumas noites de solidão, quando batia aquela saudade, quase dor, a espetar-lhe o coração como se espeta um boneco de vudu. Fazia algum tempo que sua mulher o deixara. Era tão estranho a sua ausência, mas lembrar não lhe fazia tão mal. Ao contrário. Tudo havia sido tão especial desde o início que até o primeiro beijo foi inusitado. Menos de tr...
Minha questão paradoxal com a comunicação é velha. Nunca tive problemas para escrever, ao contrário. Já com o falar... O buraco sempre foi mais embaixo. Então, o que me sobra em palavras escritas, me falta em faladas. Tudo começou (ou pôde ser mais facilmente percebido) durante a primeira infância, na escola. Enquanto pais de outros alunos eram chamados por conta de brigas e outras encrencas, muito comuns nessa fase, minha mãe foi notificada algumas vezes sobre o meu silêncio. Sim. Eu simplesmente quase não falava. Lembro de ter feito algumas tentativas de entrosamento, todas frustradas. As meninas me ensinavam brincadeiras cujas regras eu esquecia e acabava perdendo e ficando triste e ainda mais amuada. Meninos riam de mim e faziam bullying com meu segundo nome e provavelmente outros motivos dos quais não consigo lembrar agora. Mas eu acho que isso não me tornava mais engraçada ou interessante, pois lembro que eles logo paravam porque eu não os enfrentava de modo algum. Meu silêncio d...
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